sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Propagando a sistêmica!


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A CONSTELAÇÃO SISTÊMICA FAMILIAR CHEGA A SANTO ANTONIO DO RIO BONITO.
Vivi uma experiência e tanta nesse final de semana proporcionada pela Constelação Familiar. A “pedra” no lago funciona. Ano passado, numa aula de pós-graduação, fiz na cidade de Nova Ubiratan um exercício na ótica da Pedagogia Sistêmica. Na turma estava a professora Luciana Coutinho, pós graduanda em Psicopedagogia. Ela se encantou, e, com muito entusiasmo propagou o que experimentara no exercício. Depois de quase um ano, no tempo do movimento do espírito conseguimos marcar um encontro da sistêmica em sua cidade.
Eu e Andrea fomos além de Nova Ubiratan, Santo Antônio do Rio Bonito, a comunidade de gente, vinda na maioria do Paraná, expulsos pela inundação da Usina de Itaipu. A comunidade estava vivendo dois acontecimentos de morte. Duas mortes inesperadas, repentinas. A primeira, um adolescente de onze anos morrera afogado num tanque de peixes, fazendo sua tarefa rotineira de alimentar o cardume. De repente, sua vida foi ceifada sem que ninguém conseguisse explicar. Isto é próprio da morte, vem sem avisar a hora nem o local. Vem, ceifa e vai embora. A segunda, muito implicante como a primeira. Olhando pelo prisma da fatalidade, inesplicável. A morte veio durante uma festa. Um jovem senhor, morreu vítima da explosão de um barril de choop. Fatalidade¿ Falha Mecânica¿ Confesso, nunca ter visto narrativa de fato semelhante. A família está muito abalada, comovida, mexida, sensível pela partida repentina. Fizemos uma celebração de “despedida” para o falecido no domingo de tardezinha. Usando as âncoras de solo ... coloridas... pedi que cada um pegasse a cor que mais lhe chamasse atenção. De posse da âncora, pensasse no lugar mais bonito que já estivera e oferecesse este local para a alma do falecido repousar, descansar e ficar em paz. Em seguida, um por um foi colocando a sua âncora no chão e dizendo em voz alta: (....fulano...) descanse em paz. A família do adolescente está um tanto mais conformada ( os pais conheceram a Sistêmica em Sorriso). Isto trouxe um pouco de alento, alívio e compreensão do fato; foi o que relataram o pai e a mãe. ( Bonito testemunho diante da dor da perca ).
No sábado a noite foi feita uma palestra com o tema: família, escola , sociedade e a ajuda da Sistêmica Familiar. Parecia ser o evento do ano. A escola ganhou pintura nos muros e cerâmica no corredor. Estavam contentes com a pequena obra na escola. Pais, professores e alunos se organizaram nos trabalhos. Parecia que queriam pintar com tinta nova também suas vidas. Senti o peso da responsabilidade diante daquelas pessoas. Com a força de meus mestres e pais segui adiante. Mas por outro lado, tranquilidade diante da “insignificância” do constelador frente toda sistêmica do “cliente”, da pessoa. A nossa conversa foi num espaço aberto. Um silêncio divinal, se é que o céu seja silencioso. As vezes imagino o farfalhar das asas angelicais. Apresentei as Ordens do Amor. Fiquei impressionado pela absorção. Imaginando que o essencial é simples, tentei falar de modo muito simples, ser simplório. Várias pessoas participaram das dinâmicas propostas: ( como se vê a família, como deve ser olhada; local de cada membro familiar... ). No final da conversa foi convidado um casal de nonos, como chamam os avós ali, para representaram todos os pais, presentes e ausentes, vivos e mortos. Os participantes que estavam com seus pais presentes, pedi ficassem ao lado deles e todos foram convidados a fazer uma profunda reverência aos pais. Momento profundo. Vi alguém quase indo ao chão de tanto curvar-se ao pai. Gesto bonito, nobre e reestabilizador de força, de energia, de tomada de posse de tudo que o pai oferece, mas que às vezes não se dá o devido valor.
Após a conversa com a comunidade fomos fazer um exercício com as professoras da escola. Não tinha se quer um professor. Faltou a figura masculina. Nem perguntei se havia professor ou não no quadro da escola. A balança pelo jeito está mais para o feminino. Fizemos o exercício dos elementos possibilitadores e limitadores. A ideia era perceber o que possibilitava e o que limitava o fazer pedagógico naquela cidade, com aquelas professoras. O campo abriu e tivemos experiências bonitas ali vivenciadas. Muitas possibilidades, porém, muitos emaranhados. Dizer a esta altura – está tudo certo, - foi difícil, mas no final pode-se compreender a frase: foi assim, precisou ser assim, sem perder de vista o eterno devir, vir a ser de todos os dias e instantes.
Durante o dia do domingo foram feitas vários atendimentos individuais. A globalização globalizou também o homem como um todo. Ser da cidade ou do interior não significa mais muita coisa. Onde o homem está, estão ali muitos emaranhados, que de uma cultura ou outra apenas traz diferente a roupagem, mas a essência é a mesma. Tudo permanece o mesmo. O cerne humano teve uma raiz, os galhos é que são diversos. Uns crescem tortos outros retos, uns vão para cima, outros insistem em permanecer rentes ao chão, uns secam logo, outros vivem até que o tronco se entrega pelos anos da vida. Ilude quem ainda acredita que o homem da roça não tem “problema”. Foi um dia de graça. Sai completo depois de um dia de trabalho. Como por várias vezes me perguntava a professora Luciana: - professor, inteiro e completo. Poderia dizer: - inteiro! E aos poucos sendo completado por esta e outras experiências que vão surgindo em nossas vidas.
Grato Santo Antônio do Rio Bonito!
João Bento de Oliveira

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